Restaurantes e Bares: Como estão lidando com o aumento do gás de cozinha
Com constantes reajustes, a economia vem sentindo fortemente o baque de ter o 45kg custando R$390,00 e um botijão de 13kg com o preço do gás em SP até R$109,00 por exemplo.
A população já sentiu no bolso, mas como ficam os empreendedores do ramo alimentício, como estão lidando com isso?
Com dois reajustes logo no primeiro trimestre, o impacto no orçamento mensal do brasileiro, com desemprego ou diminuição da renda é inevitável, e nem o comércio, principalmente, o ramo alimentício, foge das consequências da alta do preço do gás de cozinha.
Lembrando que, de acordo com o IBGE, o gás de cozinha fechou 2020 com alta de 9,24%, número que significa mais que duas vezes a inflação geral contabilizada no ano todo, de 4,52%.
Por outro lado, nas empresas de refino, chegou a 21,9% o aumento do combustível, e só nesse primeiro trimestre a alta já passa de 10%.
O que vai ler neste artigo
Aumento Do Gás De Cozinha e a Inflação
Segundo a Ipead-UFMG (Fundação Instituto das Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de MG), dentre mais de 242 itens da capital, o gás de cozinha ficou em oitavo lugar em inflação, entre 8 de janeiro e 7 de fevereiro.
Lembrando que com o gás em alta, os alimentos acabam acompanhando e, assim, comprometendo o orçamento das famílias, e o valor do GLP ainda acaba causando um impacto maior na população que apresenta menor renda.
Ainda, segundo o IPEAD, o gás de cozinha acaba tendo um peso que alcança a terceira posição na inflação das famílias que ganham até 5 salários mínimos.
Essa série de aumentos acaba preocupando não apenas famílias em situação de vulnerabilidade econômica, ou quem está desempregado, a alta do gás de cozinha preocupa e alcança todas as camadas da sociedade, como a de comerciantes, por exemplo, que já estavam precisando driblar a crise em função da pandemia, com o distanciamento social, e agora precisam lidar com o salgado preço do gás.
Infelizmente, os números de reajustes, que antes eram a cada três meses, na política atual não sofrem nenhuma restrição, o que explica os constantes aumentos, jamais vistos antes no país.
O problema é que esses reajustes constantes e altas no preço do GLP, acabam afetando não apenas o preço do cilindro de 13 quilos, que sai das companhias de refino em uma média de R$ 37,79, e também o GLP particionado, voltado aos estabelecimentos de comércio, indústrias e condomínios residenciais, o que prejudica ainda mais os já tão enfraquecidos restaurantes, lanchonetes e bares.
Petrobras controla o preço do gás
Vale saber que, muito embora as refinarias tenham total controle do preço do gás de cozinha, o mesmo não tem preço fixado no varejo. Assim, a Petrobras acaba ficando com cerca de 46% do preço do produto, e os revendedores e distribuidoras com 36%. Lembrando que a cobrança de impostos, exemplo do ICMS, pesa em 18% no preço final do gás de cozinha.
E com todo esse reajuste, o consumo por parte das famílias acaba não sofrendo grande queda, e isso por não terem alternativas para substituir o botijão, ou seja, como não podem deixar de comer, não deixam de comprar gás de cozinha.
Assim, apesar da queda no final do ano na demanda do gás, em janeiro apresentou um aumento de 4,5% na venda do botijão de 13kg e 12,8% nas de cilindros comerciais.
Gás de cozinha x comerciantes
Certamente, todo esse peso do preço do gás de cozinha para os comerciantes, já tão prejudicados durante a pandemia, é muito grande, por exemplo, enquanto em março de 2020 o quilo do combustível estava R$ 5,32, em 11/2020, o valor já era de R$ 6,21.
Por isso, muitos comerciantes estão preferindo investir em outras formas de energia (equipamentos elétricos, captação de energia solar, etc.), para diminuir a utilização do gás de cozinha nos estabelecimentos, com a alternativa de reduzir em até 30% o consumo do gás. Ou seja, uma tentativa de driblar a concorrência, não repassando para os clientes esses aumentos no preço do gás.
Outra alternativa para alguns comerciantes, está sendo batalhar por um preço melhor na hora de renegociar os preços na hora da compra com a distribuidora, em muitos casos havendo êxito na negociação.
Mas, há que se ter em mente que quando a Petrobras sobe o preço do gás, ele é repassado na totalidade pelas distribuidoras, enquanto, se houver uma redução, o percentual de redução sempre acaba sendo decepcionante.
Segundo o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, proprietário de restaurantes, desde o início da pandemia do coronavírus, esse setor já vem sofrendo severas restrições em suas atividades, ou seja, não sobrando alternativas dentro da receita para absorver toda essa alta no preço do gás de cozinha, obrigando os estabelecimentos à repassarem aos clientes.
Por isso, principalmente, em tempos de pandemia, esse aumento do preço do gás de cozinha, como se já não bastassem os outros aumentos, acaba impactando negativamente os estabelecimentos desse setor.
Ainda de acordo com a Abrasel-MG, a crise é uma realidade, inclusive, cerca de 53% dos restaurantes de BH, em dezembro de 2020, trabalharam operando no prejuízo, outros tantos restaurantes vêm fechando suas portas, enquanto outros resolveram apostar no sistema delivery como alternativa ao fechamento definitivo.
Por isso, a dica é buscar estratégias, o tempo pede cautela, mas também, novas iniciativas, como apostar no Delivery que, se antes já era apontado como uma tendência, agora se tornou uma necessidade.